“Uma das grandes mudanças das próximas décadas será a maior participação do cidadão na sua cidade”
Rory Hyde
Estima-se que em 2050 entre 5.5 bilhões e 8 bilhões de pessoas habitarão regiões urbanas. Com isso, acende-se um alerta: como tornar as cidades eficientes, confortáveis e sustentáveis?
Embora não exista uma solução clara e imediata para este problema, o desenvolvimento tecnológico vai paulatinamente criando alternativas e gerando ferramentas para construir o futuro das cidades. O desenvolvimento em áreas como mobilidade, infraestrutura, energia, abastecimento, gestão de resíduos, entre outros, vai aos poucos entrando na pauta de empreendedores.
Durante muito tempo, o planejamento e desenvolvimento das cidades estava restrito a engenheiros, arquitetos e planejadores urbanos. Entretanto, esse arranjo não prioriza os interesses e necessidades da população, e a única forma de mudar isto é através da nossa interferência, através da participação do cidadão na tomada de decisão sobre os rumos das nossas cidades.
O maior exemplo do potencial de participação do cidadão é a ponte de Luchtsingel em Rotterdam, na Holanda. Para levar o projeto à cabo, os habitantes da cidade doaram recursos através de uma campanha de crowdfunding na internet, desafiando a ideia de que obras de infraestrutura devem ser desenvolvidas e financiadas pelo Estado. A população uniu esforços para criar uma solução para conectar bairros da cidade separados por uma movimentada avenida e uma linha férrea. O impacto gerado na cidade foi incrível: criou oportunidades para novos negócios, turbinou a vida noturna, gerou a proliferação de bares, restaurantes, lojas, teatros e prédios de escritórios.
Rory Hyde, curador do museu contemporâneo de arquitetura e urbanismo Victoria and Albert, em Londres, é um dos maiores entusiastas deste novo paradigma. Em reportagem da revista The Economist, Hyde afirmou:
“É um retorno ao velho conceito de civilidade: o conceito de que a cidade é um projeto coletivo, e não que é feito para nós por outras pessoas”.
Hyde acrescenta que considera que o crowdfunding, bem como o seu uso na arquitetura, pode ser mais interessante e impactante como uma plataforma de tomada de decisão do que como uma ferramenta de financiamento.
À medida que este processo ganha escala, as fronteiras entre áreas urbanizadas e áreas verdes começam a ser dissolvidas, e uma cidade mais fluida, dinâmica e viva é criada. Além disso, o espaço urbano passa a corresponder de forma mais precisa ao agregado das vontades e necessidades dos indivíduos.
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