Os grandes avanços de produtividade originados pelo desenvolvimento tecnológico impulsionam a economia global e possuem potencial de trazer a população mundial a um novo patamar de prosperidade. Ao mesmo tempo, indivíduos adotam novos hábitos, com maior presença de tecnologia no seu dia-a-dia, visando a incrementar o seu bem-estar.
Ambas estas notícias não poderiam ser melhores. Entretanto, para que esta tendência prossiga, temos de vencer o desafio de gerar energia suficiente para suprir as crescentes demandas energéticas das tecnologias que afloram. Caso contrário, este gargalo deverá refrear os avanços esperados para as próximas décadas.
As cidades e zonas urbanas são o principal motor da economia global, mas também são responsáveis pelo consumo de 75% da energia do planeta. Tornar as cidades mais econômicas é imperativo para garantir energia para fomentar o desenvolvimento.
Já surgem diversas iniciativas para reduzir o consumo e o desperdício de energia das cidades e para catapultar a geração de energia limpa e sustentável. Continue lendo se você quer descobrir as três tecnologias mais promissoras.
- Smart Grid
Smart Grid é o nome dado a um sistema que engloba várias tecnologias para tornar a rede de distribuição de energia mais eficiente. Este sistema consiste em métodos computadorizados de controle e monitoramento à distância e em mecanismos de automação.
A rede de distribuição de energia que temos hoje foi construída durante a primeira metade do século XX, quando a demanda doméstica era muito menor e com pouca variação. As redes inteligentes (ou Smart Grid) trazem consigo a ideia de criar uma interação de duas vias – a rede abastece a casa de energia, e a casa abastece a rede de dados sobre hábitos de consumo.
Utilizando computadores, sensores e algortimos, a rede de distribuição inteligente capta informações de todo o sistema e consegue otimizar a distribuição, evitando quedas de energia, sobrecarga e desperdício.
Mas como o sistema faz isso?
Cada dispositivo da rede de distribuição (geradores, transformadores, e etc.) ganha sensores para coletar dados e assim é criada a conexão entre a rede, os usuários e o operador do sistema. Estabelecida esta conexão, entra em campo a tecnologia de automação, que permite que a central realize ajustes na rede e nos seus dispositivos à distância. Esses ajustes podem inclusive ser programados para serem feitos automaticamente.
A Smart Grid pode, por exemplo, medir a presença de pessoas em uma determinada área em um dado momento e ajustar a iluminação urbana de acordo com a necessidade; poderia, por exemplo, desligar a iluminação em áreas desocupadas para economizar energia.
Parece pouco?
Segundo estimativas da ONG Smart Grid Consumer Collaborative, a implementação da Smart Grid deverá incrementar a eficiência do atual sistema em 9% até 2030, economizando mais de 400 bilhões de kWh (quilowatts-hora) a cada ano1.
Todos esses conceitos podem não apenas ser aplicados à rede de distribuição, mas também dentro de cada casa. Isto nos leva à segunda mudança do quesito energia que irá impactar a sua cidade para sempre: a Smart Home.
- Smart Home
A Smart Home é uma residência cujo consumo energético é minuciosamente monitorado e otimizado através da aplicação de tecnologia.
Na Smart Home, todos os aparelhos eletrônicos funcionam em rede trocando informações entre si, o que permite que você opere os equipamentos através de um Sistema de Gestão de Energia. O Sistema de Gestão de Energia será uma espécie de software que você poderá operar de um computador, celular ou tablet.
Através do software você poderá controlar o seu consumo de energia, ligar e desligar aparelhos e analisar em que pontos podem estar sendo gerados desperdícios. Além disso, será possível criar programações de consumo e automatizar a ação do sistema, como por exemplo desligando certos aparelhos nos momentos de pico dos preços de energia.
Todo este sistema levará o desperdício a valores próximos de zero, e otimizará a utilização de energia. O impacto que esta eficiência pode trazer não deve ser desprezado: imagine o potencial de economia de energia se este sistema for aplicado a pelo menos metade das 500 milhões de residências existentes nos países desenvolvidos.
- Geração distribuída
Com o surgimento e o barateamento de novas tecnologias de produção de energia, é crescente o número de residências que já possuem seu próprio sistema de geração, sendo os mais comuns deles através de painéis solares e turbinas eólicas de pequeno porte – habitantes de zonas rurais também têm a opção de construir mini-centrais hidrelétricas. Também já estão virando realidade células de combustível domésticas, que produzem calor e energia através de gás natural.
No momento no qual as residência possuírem alto potencial de geração a ponto de se tornarem autossuficientes, a energia adicional – que não é consumida pela residência – será transmitida para a rede para que possa ser utilizada por outros consumidores, gerando créditos para o proprietário do sistema.
À medida que este novo modelo ganha escala, contribui-se para que a matriz energética global seja cada vez mais composta de fontes renováveis e para que finalmente possamos reduzir de forma significativa a geração de energia centralizada em grandes usinas altamente poluentes. Além disso, será um passo importantíssimo rumo à tão almejada independência de combustíveis fósseis.
Estas três mudanças em conjunto deverão impulsionar a eficiência e a utilização de energia, solucionando o grande gargalo do desenvolvimento econômico e tecnológico. Consequentemente, como efeito indireto, a sua cidade se tornará mais próspera e mais vibrante.
1. Smart Grid Consumer Collaborative: http://www.whatissmartgrid.org/
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