As cidades são responsáveis por 70% do consumo energético do planeta e pelo mesmo percentual de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa.
Em relatório publicado em 20151, a ONU defendeu que as zonas urbanas mundiais serão as grandes protagonistas da definição de como será o mundo de amanhã. O secretário geral da entidade, Ban Ki-moon, foi enfático. Segundo ele, “grandes investimentos são urgentemente necessários para ações climáticas nas cidades”.
Por mais que você deixe o carro na garagem, reduza o tempo no banho, feche a torneira enquanto escova os dentes, será a tecnologia que irá salvar o planeta.
Continue lendo se você quer descobrir quais são essas grandes inovações tecnológicas e como elas vão tornar as cidades sustentáveis.
Utilização do dióxido de carbono
Com o surgimento de novas tecnologias, o CO2, grande vilão do efeito estufa, se tornará matéria-prima para a industria. A tecnologia mais promissora utiliza bactérias de fotossíntese geneticamente modificadas para converter as moléculas de CO2 em combustíveis líquidos – que podem ser usados em carros ou caminhões – ou produtos químicos, utilizando sistemas de conversão solar de baixo custo.
Energia barata e limpa
Já comentamos sobre como as inovações tecnológicas aplicadas à distribuição e utilização energia vão mudar a sua cidade neste artigo. A geração de energia também será impactada pelo desenvolvimento de novos métodos e sistemas.
Um deles é a nova geração de reatores nucleares. A produção de energia através da fissão nuclear, embora condenada pela opinião pública, não emite CO2 e é altamente escalável e barata, tornando-a uma das melhores e mais abundantes fontes de energia. Os reatores de hoje aproveitam apenas 1% da energia contida no urânio, deixando o resto contaminado como lixo tóxico.
Novas técnicas transformam o urânio já utilizado (e subaproveitado) em um novo material, chamado de urânio 2.0, que pode ser utilizado novamente. O advento dessa inovação pode tornar as usinas mais seguras, derrubar os custos do processo, reduzir o período de radiotividade consideravelmente e, além disso, reduzir a mineração e seus consequentes danos ao meio ambiente. Estima-se que com esta nova tecnologia o urânio já minerado servirá para gerar energia por séculos sem a necessidade de extração.
Se vencermos as barreiras políticas para o aumento da geração de energia por reatores nucleares, essa inovação colocará o mundo em um patamar extremamente confortável em termos de abundância, preço e, principalmente, de sustentabilidade da matriz energética. Será a erradicação da dependência de combustíveis fósseis.
Novas fontes de energia
Para formar a molécula de água, combina-se hidrogênio e oxigênio, produzindo energia no processo. Utilizar células de hidrogênio como combustível é uma forma de energia que não gera nenhum tipo de poluição: o único sub-produto da reação é a água.
A ideia seria utilizar essas células em carros. Faz-se a reação, utiliza-se a energia gerada para impulsionar o veículo, e emite-se apenas água limpa.
Mas então qual é o problema?
O problema está em obter o hidrogênio. Para tanto, deve-se extraí-lo de moléculas de água ou álcool em um processo que demanda energia de outras fontes – normalmente poluentes. Este fato elimina as grandes vantagens da utilização deste combustível.
Cientistas estão resolvendo este problema desenvolvendo centrais de abastecimento de veículos que criam o hidrogênio no próprio local, utilizando energia de fontes renováveis. O processo consiste na aplicação de uma corrente elétrica em moléculas de água para separar hidrogênio do oxigênio.
Além disso, a ciência recentemente trouxe aplicações para esta tecnologia, incluindo formas de carregar computadores, celulares e outros dispositivos com células de hidrogênio.
Água em abundância
Afora a agricultura, a grande demanda por água vem das cidades. Várias regiões do globo já sofrem crônicamente com a falta deste recurso. A solução surgida já há algumas décadas envolvia dessanilização de água do mar, o que ofereceria uma fonte quase ilimitada de água. Porém, estes sistemas consumiam muita energia; para agravar a situação, sua fonte principal de energia eram combustíveis fósseis.
Entretanto, a ciência está constantemente trazendo soluções. Novas tecnologias para este processo prometem aumentar em mais de 50% a eficiência do sistema, pela primeira vez tornando possível a sua aplicação em larga escala. Além da dessalinização de água salgada, estes novos métodos que estão em desenvolvimento também podem ser aplicados à purificação de água já utilizada.
O método consiste em aquecer a água salgada com a utilização de combustíveis baratos até a sua evaporação, e depois fazê-la circular entre membranas com poros microscópicos.
Reciclagem de resíduos
Dentro de poucos anos, passaremos a enxergar resíduos de uma forma diferente: não mais como lixo, mas sim como matéria prima, ou seja, algo que possua valor econômico e desperte o interesse das empresas. Já estão surgindo técnicas de reutilização até mesmo para os resíduos cuja reciclagem é mais complexa.
A americana LanzaTech, por exemplo, patenteou micróbios que transformam resíduos ricos em carbono em biocombustível, utilizando uma tecnologia de fermentação via gás. Outra solução foi criada pela Novozymes, uma empresa de biotecnologia dinamarquesa que utiliza enzimas para converter óleo de cozinha usado e outros resíduos em biodiesel.
De forma geral, a reciclagem de plásticos envolve o uso de muita água. A companhia mexicana Ak Inovex desenvolveu um método que possibilita reciclar plásticos sem a utilização de qualquer líquido.
Estes são apenas alguns exemplos do que já está ocorrendo.O movimento das biotechs, empresas de tecnologia aplicadas a procedimentos biológicos e químicos, surge com força para inovar e criar novas tecnologias, outrora impensáveis, para solucionar os problemas relacionados à gestão de resíduos.
Resolvendo ou pelo menos mitigando os efeitos perversos da poluição atmosférica, geração de energia, consumo de água e reciclagem de materiais tornaremos a vida nas cidades sustentável. Os seres humanos não mais necessitarão sugar os recursos do planeta para garantir a sobrevivência e o desenvolvimento.
1. The State of City Climate Finance (2015). Acesse.
Nosso último post do assunto: As mudanças que já estão ocorrendo – Por que a tecnologia vai mudar a sua cidade para sempre
