Para fechar a Semana do Meio Ambiente, vamos tratar sobre a relação entre as construções e os impactos causados por elas ao meio ambiente:
Economizar energia é uma das mais importantes formas de diminuir o impacto negativo causado pelas construções ao meio ambiente. A afirmação é do arquiteto e coordenador do grupo de inovação e sustentabilidade da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura do Rio Grande do Sul (Asbea – RS), Klaus Bohne. Construções projetadas prevendo um melhor desempenho energético possibilitam a diminuição do uso de energia gerada por termoelétricas e hidroelétricas, fontes bastante utilizadas no Brasil, reduzindo, assim, os males por elas gerados.
Bohne afirma estar aumentando gradativamente, no Brasil, a responsabilidade em relação aos danos causados ao meio ambiente. Segundo ele, existem iniciativas pontuais para utilizar materiais e fontes de energia mais sustentáveis, mas não há políticas suficientes para que isso aconteça ordenadamente e em maior escala. Hoje, por exemplo, existe uma preocupação maior com o reaproveitamento da água da chuva, com a utilização de aparelhos domésticos mais eficientes.
Um ponto importante para isso foi a resolução 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que estabelece um sistema de compensação de energia. Assim, o consumidor pode gerar energia elétrica por fontes alternativas, como painéis solares, e injetar a energia não utilizada na rede, recebendo em troca descontos na conta de luz. Para Bohne, medidas como essa ajudam a desenvolver a consciência.
No Brasil, já são utilizados materiais visando mais rapidez e eficiência na construção, embora ainda seja incipiente, conforme o arquiteto. Algumas delas são painéis de concreto pré-moldados, estruturas de steel frame ou de gesso acartonado. Os custos do uso de materiais que permitam melhor desempenho energético são mais altos, mas, segundo Bohne, o retorno se dá em aproximadamente cinco anos de vida útil da construção.
O planejamento da construção e a escolha dos materiais utilizados também influenciam no desempenho energético e, consequentemente, no impacto ambiental. A escolha pela pré-montagem das estruturas utilizadas possibilita a redução do desperdício de materiais. Bohne compara o uso de tijolos e de blocos de concreto com o de painéis desenvolvidos em fábricas, já utilizados em outros países. No primeiro caso, as peças são organizadas formando as estruturas, depois, são escavadas para a instalação dos sistemas elétrico e hidráulico. Para ele, nesse tipo de construção acontece muito desperdício de materiais, assim como demanda um tempo longo e retrabalho.
Já no segundo caso, de acordo com o arquiteto, a construção acontece com consumo de água e produção de resíduos menores, pois os módulos são desenvolvidos a partir de projetos detalhados, produzidos já com as aberturas e com as redes elétrica e hidráulica, sendo preciso, apenas, fazer as conexões no canteiro de obra. “Pensar nisso na hora de projetar, já melhora muito o resultado”, afirma.
Bohne explica que o desempenho térmico de estruturas como essa é de cinco a dez vezes mais eficiente que o da tradicional. Assim como o tempo de montagem é cerca de 1/5 do tempo necessário normalmente. Ele lembra que podem acontecer algumas patologias se a tecnologia não for bem aplicada, por isso é preciso mão de obra qualificada. A responsabilidade em relação aos impactos causados ao meio ambiente está em todos os níveis, desde o planejamento, até a construção finalizada.
Por Inverno Studio