A densidade, como um processo orgânico, pode acontecer de diversas formas. Porém, existe uma tentativa de controle sobre o adensamento populacional.
Embora o adensamento seja um processo orgânico, movido pela quantidade de pessoas dispostas a morar em um determinado lugar, existe a tentativa de pré-determinar quais espaços serão esses e redirecionar a demanda. Conforme o urbanista e editor do Caos Planejado, Anthony Ling, preços de moradias, algumas vezes, são elevados para restringir a densidade em uma região. O movimento contrário também acontece, busca-se aumentar a densidade construindo em determinado lugar. Para Ling, tentativas de controle são ineficientes, pois o adensamento parte das pessoas. Citando o pesquisador e urbanista Alain Bertaud, Ling afirma: “O único lugar em que Bertaud percebeu que as pessoas conseguiam determinar a densidade foi na África durante o Apartheid”.
A densidade é o resultado de uma demanda por espaço, assim o adensamento de uma cidade ou região pode acontecer formal ou informalmente. Ling exemplifica o adensamento informal por meio das favelas: são locais densos, normalmente estão em centros urbanos, em áreas relativamente bem localizadas. Assim, existe uma demanda alta de pessoas dispostas a morar lá. Tal espaço tem densidade muito alta e baixa verticalização, causando problemas como infraestrutura precária.
Por outro lado, existem cidades densas que foram resultado de desenvolvimento orgânico. Ling explica que são cidades formais como Paris, Nova Iorque e Hong Kong que se tornaram densas porque se permitiu que a demanda fosse expressa em área construída. Ou seja, a cidade refletiu a procura por morar nesse espaço. Paris, por exemplo, tem alta densidade, mas não há alta verticalização. Isso acontece, segundo Ling, porque as unidades habitacionais são pequenas, os prédios não têm recuo, o térreo e o subsolo são habitados; além de não haver elementos como elevador e escada de emergência, pois são construções antigas. Apesar dessas características, o urbanista destaca que, pensando apenas no mercado imobiliário, faria sentido a verticalização na capital francesa, pois existe demanda por viver ali, contudo, isso não acontece devido à preservação do patrimônio da cidade.
A verticalização ocorre para aproveitar a necessidade de utilizar o terreno. Porém, no Brasil, Ling afirma serem verticalizadas áreas em que não há demanda, ou seja, há verticalização, mas não adensamento. Segundo ele, muitos são prédios isolados no espaço, com baixo índice de aproveitamento dos terrenos, enquanto as cidades que se verticalizaram pela demanda atingiram índices mais altos.
A densidade proporciona ganho em tempo e em infraestrutura, além de menor custo de deslocamento e maiores fluxo e intensidade na troca informações. Como mais pessoas estão próximas, existem mais olhos para a rua, trazendo, também, segurança informal e espontânea. Zonas menos densas têm vantagens como o silêncio e a tranquilidade. A demanda por espaço geralmente diminui conforme a região se afasta do centro, assim, pessoas que buscam por esse tipo de benefício acabam arcando com um custo mais alto de deslocamento.
Por Inverno Studio