Você sabe o que é o Risco-Brasil? Como avaliar e calculá-lo? Nesse artigo explicaremos em detalhes tudo o que você precisa saber sobre esse risco importantíssimo para qualquer investidor. Confira!
Amplamente conhecido pelos investidores experientes, o Risco-País é uma métrica pela qual avalia-se o risco de se investir em um determinado país. Nesse caso, por aqui, temos o Risco-Brasil.
Entendê-lo é importante por alguns motivos: avaliar a viabilidade de um investimento no Brasil, entender quais são os riscos existentes e, por fim, se vale a pena prosseguir com o investimento em uma ótica de custo-benefício.
Avaliar o Risco-Brasil é fundamental para qualquer tipo de investimento, seja ele de natureza imobiliária ou econômica, e é por isso que vamos falar um pouco mais sobre esse assunto a seguir:
Mas, afinal, o que é o Risco-Brasil?
Como o Risco-Brasil impacta os investimentos?
Mas, afinal, o que é o Risco-Brasil?
Na prática, o Risco-Brasil é uma variação do Risco-País ou Risco Soberano, uma metodologia criada no ano de 1992 pelo banco J.P Morgan, uma das maiores instituições financeiras do mundo.
Naquela época, a medida servia para avaliar o risco de economias emergentes, principalmente na América Latina.
O objetivo da J.P Morgan era responder algumas perguntas muito importantes:
- Qual o risco de se investir em um país?
- Qual é a incerteza econômica existente?
- Quais são as chances de ter uma perda financeira nos investimentos realizados?
Sabendo-se a resposta para essas perguntas, passa a ser muito mais fácil determinar a viabilidade de se alocar capital em um país.
Afinal, seja um investidor físico ou um grande fundo de investimentos, ninguém quer sair perdendo.
O Risco-Brasil acaba funcionando como um termômetro da economia: quanto mais alta a temperatura, maiores são as chances de que haja algum problema futuro.
A observação de um nível de risco elevado faz com que os investidores tenham menos confiança em investir no país, gerando uma desaceleração da economia.
Isso cria um efeito dominó:
- Risco elevado gera perda de confiança;
- Perda de confiança causa desaceleração da economia;
- Desaceleração da economia aumenta o risco econômico;
- Risco ainda maior causa nova perda de confiança.
Como calcular o Risco-Brasil?
Atualmente, o Risco-Brasil é calculado pelos seguintes índices:
EMBI+Br
O EMBI+Br, sigla para Emerging Markets Bond Index Plus (Índice de Títulos da Dívida de Mercados Emergentes), é um índice que se baseia em títulos de dívida pública, seus rendimentos e rentabilidade para determinar qual é o risco de um país não honrar com seus compromissos.
Os dados são comparados diretamente ao tesouro americano e o spread entre os títulos irá apontar o risco do país.
O índice é calculado pelo J.P. Morgan Chase desde o final de 1993 e avalia não apenas o Brasil, mas os países de economia emergente, podendo ser acompanhado na plataforma Ipeadata.
CDS
O CDS, sigla de Credit Default Swap, funciona como um seguro contra calote nas operações de crédito.
É um contrato entre a seguradora, que emite um título, e os investidores internacionais.
Ao longo do período do contrato, o investidor paga um “prêmio” referente ao montante que deseja proteger. Em caso de inadimplência, ele recebe uma compensação sobre as perdas que teve.
Quanto maior o número de investidores que contratam essa proteção, chamada de hedge, maior o preço e maior o Risco-Brasil.
Rating
O Rating é definido por agências especializadas em avaliar e indicar o risco de emissores de crédito, refletindo o momento do país.
Algumas delas são S&P, Moody’s e Fitch.
Funciona como um selo de aprovação, com notas de AAA a C/D.
Nesse caso, quanto mais alta a nota, menor o risco e mais indicado é fazer operações no país.
Tipos de riscos
No fim das contas, tudo acaba se conectando diretamente à capacidade econômica que um país possui de cumprir suas próprias obrigações financeiras.
Se um país deixa de cumpri-las, seu risco é elevadíssimo e toda a economia pode sofrer um efeito dominó.
Na prática, podemos dizer que o risco de um país geralmente pode ser dividido em dois grupos:
Riscos econômicos
Os riscos de natureza econômica sempre estarão ligados à saúde financeira de um país.
Países com uma dívida muito elevada em relação ao seu PIB podem ter dificuldade de levantar recursos para manter a economia girando, o que pode representar um grande risco, por exemplo.
Entre outros fatores econômicos, podemos citar:
- A política monetária;
- a inflação;
- as taxas de câmbio;
- política fiscal;
- regulamentação financeira.
Riscos políticos
Já os riscos políticos estão relacionados ao governo de um país e o impacto que suas decisões possuem sobre a economia e os investimentos.
É muito comum perceber que, principalmente em momentos de eleição ou de decisões chave, o mercado passa a apresentar novas precificações para a economia.
Isso acontece porque o risco do país precisa ser recalculado em virtude das mudanças causadas pelo governo.
Esses riscos políticos não necessariamente precisam estar associados a grandes mudanças.
Por exemplo, comentários de políticos podem despertar um grande movimento no mercado por revelarem planos que podem ser prejudiciais para a economia ou para um setor específico.
Quanto maior for a estabilidade econômica e política de um país, menor será o seu risco.
Justamente por isso, países desenvolvidos costumam apresentar riscos muito inferiores a aqueles que estão em uma fase de crescimento emergente.
Como avaliar o risco-Brasil
A avaliação do risco-brasil é muito simples: o país recebe pontos com base em seu risco e essa pontuação equivale a valores percentuais. Na prática, cada cem pontos equivalem a 1%.
Logo, se um país apresenta uma pontuação de 300, o investidor precisa receber 3 pontos percentuais a mais de rentabilidade em um título dos países emergentes do que receberia se aplicasse no título de referência, que é o do Tesouro americano.
Por meio desse cálculo simples o investidor passa a ser capaz de entender com mais facilidade o quanto uma economia está precificada para o seu próprio risco.
Caso queira dar uma olhadinha, no site da World Government Bonds você pode acompanhar o risco-brasil e entender exatamente qual é a sua posição atual.
De acordo com o portal World Government Bonds, o CDS de cinco anos está em 256,68 pontos.
Para efeito comparativo, os Estados Unidos, que é o país de referência mundial para investimentos, têm um risco de 30,24 pontos – valor que aumentou 84% em seis meses, em meio à crise global.
Veja o risco de outros países:
México | 138.62 pontos |
Índica | 107,14 pontos |
Argentina | 1030,95 pontos |
Por exemplo, a Argentina é um país que sofre com uma grave crise econômica, o que o torna muito mais desinteressante para investidores internacionais.
Como o Risco-Brasil impacta os investimentos?
Os impactos do Risco-Brasil para um investidor podem ser facilmente sentidos, principalmente pelas preocupações que é capaz de gerar, como:
- alta da inflação;
- instabilidade política;
- falta de previsibilidade;
- crises;
- risco fiscal;
- entre outros aspectos.
Justamente por esse motivo, os investidores precisam avaliar se o Brasil é o melhor local para avaliar os seus ativos, ou se vale a pena proteger o seu patrimônio em moedas estrangeiras, que não possuem tanto risco.
No fim das contas, o impacto do Risco-Brasil nos investimentos sempre estará associado ao retorno que pode ser obtido. Quanto maior o risco, maior as chances de calote.
Em virtude disso, o Risco-Brasil é importantíssimo para que um investidor, fundo ou empresa possam ter uma visão clara e transparente dos riscos específicos de um país.
A partir daí, pode-se determinar o grau de influência desses riscos e o que pode ser feito para gerenciar ou mitigá-los.
Altos níveis de dívida do governo podem levar à inflação e à desestabilização da moeda, os quais provavelmente terão um impacto real e significativo em qualquer empresa que faça negócios naquele país e com ele.
Conclusão
Agora que você já conhece e entende o que é o Risco-Brasil, chegou a hora de considerá-lo sempre em seus investimentos, principalmente comparando-o ao risco apresentado por outros países.
Assim, você sempre terá uma visão clara de como o mercado está enxergando a confiabilidade da nação para honrar suas dívidas, permitindo que você tenha um entendimento mais ajustado do futuro da economia como um todo.
Disclaimer: As opiniões, análises e informações contidas nesse artigo não constituem recomendação de investimento, nem tampouco material de oferta para subscrição, compra ou venda de títulos ou valores mobiliários, instrumentos financeiros, cotas em fundos de investimento ou qualquer produto ou serviço de investimentos. Declarações contidas neste artigo relativas às perspectivas dos negócios, projeções de resultados operacionais e financeiros, bem como referências ao potencial de crescimento das companhias citadas, constituem meras previsões. Essas expectativas são altamente dependentes de fatores incertos, como o comportamento do mercado, da situação econômica do Brasil, da indústria e dos mercados internacionais. Portanto, cada declaração aqui escrita está sujeita a mudanças, e não deve ser utilizada como insumo para qualquer estratégia de investimento pessoal ou institucional.