Você preferiria fazer uma boa decisão de investimento e perder dinheiro ou uma decisão ruim em que você ganhasse dinheiro?
A resposta para essa pergunta pode até parecer retórica, mas… não é bem assim.
Nós sapiens somos seres irracionais que racionalizam as decisões. A maioria das decisões são feitas de maneira subconsciente na parte mais primitiva do cérebro, o tal cérebro reptiliano. Só então que a decisão é racionalizada pela parte responsável pelo pensamento cognitivo, o neocórtex.
O perigo disso é que essas decisões são totalmente tendenciosas, e a única maneira de limitar esse nosso lado tendencioso e primitivo é aderindo a rigorosos processos de sempre focar no nos fatos, ou ser cada vez mais data driven, pra usar uma palavra da moda.
Por exemplo: grande parte dos investidores imobiliários escolheriam investir em um novo e moderno empreendimento comercial que será “um divisor de águas” na região do que um empreendimento residencial modesto antes de analisarem todos os dados. Isso tudo porque as respostas emocionais no cérebro reptiliano nos levam a decisões impulsivas que sempre vão preferir objetos novos e brilhantes. Só depois essas decisões vão ser racionalizadas pelo neocórtex, mas já é tarde: os dados são ignorados e quando você vê é um investidor de um belo elefante branco.
Por que isso importa?
Quando decidimos algo, sempre há um resultado associado àquela decisão. No nosso mundo de investimentos, isso se chama retorno projetado. Todo investimento tem um certo grau de risco, e esperamos ser recompensados adequadamente por isso.
Se eu jogar uma moeda 10 vezes, por mais tediosa que essa experiência seja, espero que o resultado seja 5 vezes “cara” e outras 5 vezes “coroa”. Porém, esse resultado pode não ser exatamente como o esperado e talvez eu termine com 8 “caras” e 2 “coroas”. O objetivo é continuar jogando a moeda até fazer valer a lei dos grandes números: se eu jogar uma moeda 1.000 vezes, as chances são muito maiores de que eu tenha um número mais próximo de caras e de coroas.
Esse conceito ajudou a construir cada cassino de Las Vegas e a boa notícia é que ele pode ser utilizado na sua estratégia de investimentos.
Uma decisão boa ou ruim depende da probabilidade do seu resultado, não do resultado por si só.
Esse conceito é tão importante que eu vou repetir: uma decisão boa ou ruim depende da probabilidade do seu resultado, não do resultado por si só.
Uma decisão que projeta um bom resultado em 80% das vezes é uma boa decisão. Por outro lado, pegar todas as economias e ir para um cassino de Las Vegas para apostar nas roletas é sempre uma decisão ruim.
Investir é fundamentalmente sobre garantir que as probabilidades estão a seu favor para vencer no longo prazo.
A gente até gosta de pensar que boas decisões levam a bons resultados e que decisões ruins levam a resultados medíocres, mas, como tudo na vida, nada é tão simples assim como parece.
No mundo dos investimentos, uma escolha imprudente pode levar a bons ganhos, enquanto escolhas prudentes e conservadoras podem levar a perdas.
Matriz de decisões e seus possíveis resultados
A matriz ilustrada aqui embaixo mostra os quatro quadrantes dos possíveis resultados das nossas decisões.
Todo investidor que se preze já passou algum tempo em cada um, mas o quadrante de número 4 é aquele em que devemos focar em permanecer a maior parte do tempo para efetivamente gerar riqueza.
Esse é o quadrante que levará aos melhores resultados, porque quanto maior o número de boas decisões, maior a chance de sucesso no longo prazo.
A partir de agora, vamos avaliar cada um desses quadrantes para melhor entender as ramificações dentro de cada um.
Quadrante 1: Decisão Ruim/Resultado Ruim
Esse é o quadrante do “No que eu estava pensando quando fiz isso?”. Esse é também o quadrante da aprendizagem, porque perder sempre nos ensina algo e também porque essas lições podem ser mais caras do que um MBA no exterior.
Nesse quadrante, uma má decisão leva a um mau resultado.
Qualquer pessoa que investe regularmente já esteve neste quadrante uma ou duas vezes. (Sabe aquele seu amigo que colocou dinheiro em uma corretora que prometeu 15% ao mês investindo em criptos? Poisé). Essas são aquelas oportunidades maravilhosas que parecem não ter como dar errado. Talvez você tenha operado no mercado futuro do boi, ou então comprado algumas opções que “eram dinheiro certo”.
Cometer esse tipo de erro no início da sua jornada de investidor é algo positivo quando os riscos são baixos, mas você quer sair desse quadrante o mais rápido possível. São essas as experiências que farão de você um investidor melhor.
Mas decisões ruins também se referem aos investimentos que você não fez.
Bons investimentos não são fáceis de encontrar, e deixá-los de lado pode ser especialmente doloroso caso aquele dinheiro seja investido em algo não tão promissor assim.
É tudo sobre probabilidade de sucesso ou de fracasso.
Existem muitos empreendimentos que a URBE.ME não colocou na plataforma e que performaram bem, mas nós não mudaríamos de opinião se recebêssemos a mesma oferta novamente.
Quadrante 2: Decisão Boa/Resultado Ruim
Esse é o quadrante do “onde foi que eu errei?” Você reflete a sua decisão e tenta encontrar a maneira de ter feito uma decisão melhor, mas, dadas as mesmas condições, você teria feito a mesma decisão novamente. De cada 10 vezes, em 8 você teria o resultado esperado, mas não foi desta vez.
Ninguém está imune a cair neste quadrante, incluindo a URBE.ME.
Neste e nos próximos anos iremos disponibilizar aos nossos investidores dezenas de novos empreendimentos para investimento e nós estamos comprometidos a sempre melhorar o nosso processo de decisão sobre as oportunidades.
Se nós rejeitarmos algum empreendimento pelos motivos corretos, não olhamos para trás.
Pode ser algum problema de inexperiência, excesso de alavancagem do incorporador, problemas de localização do empreendimento ou algum outro problema que simplesmente foge do nosso alcance. O investimento não é o que parecia e algumas perdas fazem parte da jornada.
Quadrante 3: Decisão Ruim/Resultado Bom
Chegamos ao quadrante do perigo. Ficar tempo demais nesse quadrante é a maneira mais rápida de ter a chance de dizer “eu era rico” alguma vez na vida. Como o Bill Gates de maneira muito elegante já disse, “O sucesso é um péssimo professor. Induz gente brilhante a pensar que é impossível perder.”
Ao contrário do investidor do primeiro quadrante, que perdeu dinheiro com uma decisão ruim, o investidor no terceiro quadrante tem um resultado favorável. E geralmente, quando algo parece bom, o sapiens tende a repetir a ação. Mas não sem aumentar o volume e o risco.
O resto é história. A emoção e a adrenalina tomam conta, o cérebro reptiliano tem o controle sobre o investidor e todo o dinheiro é sugado da sua conta bancária.
Entretanto, este quadrante também reserva lições valiosas: cuidado com o ego; saiba o que você não sabe; não coloque todos os ovos na mesma cesta; diversifique o seu portfólio… e por aí vai.
Quadrante 4: Decisão Boa/Resultado Bom
Aqui está: o quadrante em que todos querem passar a maior parte do tempo.
Nada é melhor do que quando uma boa decisão leva a um resultado esperado. O problema com esse quadrante é que para a maior parte das pessoas ele é simplesmente chato.
E chato não é exatamente a emoção que o seu cérebro reptiliano que fez você arriscar mais do que devia quer. Mas a realidade é que um portfólio diversificado, com rentabilidade de 10% ao ano é a melhor maneira de construir riqueza no longo prazo.
Qual é a probabilidade de que o seu portfolio de investimentos de hoje valerá 8 vezes mais em 22 anos? Você se contentaria com isso?
Para a maior parte das pessoas essa resposta seria sim. Mas as suas estratégias de investimento são totalmente diferentes dessa proposta.
Um retorno de 10% ao ano ao longo de 22 anos irá multiplicar o seu patrimônio em 8 vezes graças aos juros compostos. Consistência e paciência sempre prevalecem por aqui.
Nós temos muitos exemplos no portfólio de investimentos da URBE.ME que poderiam ser utilizados aqui. Como empresa de investimentos imobiliários, nosso objetivo é operar neste quadrante o tempo todo.
Constantemente avaliamos o nosso processo de avaliação de investimentos para refiná-lo ainda mais. Refletimos sobre as ofertas que deixamos passar, avaliamos aquelas que foram melhores e piores do que o esperado, e usamos a nossa experiência para fazer as melhores decisões. Nós não iremos acertar todas as decisões, mas iremos acertar a maior parte delas, trazendo os melhores retornos para os investidores no longo prazo.